Pensar soluções com os recursos da Ciência da Computação para o desenvolvimento das cidades que possam ser aplicadas globalmente em benefício da população. É esse o desafio colocado para 150 estudantes de pós-graduação de diferentes países, que participam dos cursos da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Cidades Inteligentes, organizada pelo Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP).

A Escola é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp) por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA). Para o coordenador do evento, Alfredo Goldman, cidades inteligentes é um assunto interdisciplinar que envolve não apenas as ciências da computação, como também urbanismo, biologia, direito, todas as áreas. “O foco da Escola é pensar como nós, cientistas da computação, podemos lidar e disponibilizar dados para que, junto com as outras profissões, seja possível resolver os problemas dos municípios”, diz.

O programa reúne especialistas em áreas como redes móveis, internet das coisas, sustentabilidade, visualização, simulação em grande escala, inovação, privacidade, aprendizado de máquina, big data e frameworks de software, todos com sólida formação em Ciência da Computação.

São 10 cursos que estão sendo ministrados no auditório da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, na Cidade Universitária, em São Paulo. “Avançar no estudo de cidades inteligentes é uma grande oportunidade para fazer pesquisa com impacto positivo na vida de milhões de pessoas em todo o planeta”, disse Fabio Kon, coordenador adjunto de Pesquisa para Inovação da Fapesp e um dos professores da Escola.

O maior desafio, segundo os participantes, é encontrar soluções para as cidades de forma global e não apenas para os grandes centros desenvolvidos. A estudante da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, Kalyanaraman Shankari, acha que um dos pontos principais da Escola São Paulo de Ciência Avançada em Cidades Inteligentes está no fato de se pensar em soluções para municípios em todo o mundo. “Quase todos os aplicativos relacionados a cidades inteligentes são feitos por e para pessoas de 20 e poucos anos do Vale do Silício. O problema é que isso não significa nada para a maioria da população mundial. Por isso vim para esta Escola em São Paulo. Acredito que a interação com pesquisadores de outros países possa render soluções mais amplas para todos os lugares”, comenta.

Kon concorda com a estudante. “Os exemplos de soluções em cidades inteligentes que temos hoje são quase sempre de Amsterdã, Paris ou do Vale do Silício, que já são bons locais para se morar. Acontece que a maior parte da população vive em grandes capitais em países em desenvolvimento. Temos que focar nos 95% da população nas cidades do mundo real que enfrentam problemas com transportes, habitação, saúde, educação”.

Para ele, na maioria das soluções existentes há uma falta de visão global, gerando processos que otimizam o local, não o global. “E é assim que cientistas de computação podem aumentar a qualidade de vida das pessoas, otimizando o uso dos recursos da cidade por meio de algoritmos que têm uma visão do todo, possibilitando também o planejamento baseado em dados”, completa Kon.

FONTE: Segurança Pública – SP